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terça-feira, novembro 07, 2006

DEPENDER DA SORTE DO LADRÃO

E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino.
E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás
comigo no Paraíso. Lucas 23:42-43



Quinze anos atrás conheci uma jovem muito bonita e iniciamos um pequeno relacionamento
amoroso. Passadas algumas semanas, esse relacionamento foi interrompido por pessoas que
acreditavam que a moça era bonita demais para uma pessoa de cor como eu. Conforme
ouvi de uma certa amiga comum, "uma jovem tão bonita não devia se relacionar com um índio".

Os esteriótipos existem no mundo para nos fazer sofrer. E lembro-me que este foi meu primeiro
contato com algo chamado preconceito. Uma palavra que sequer conhecia direito, mas que passou
a fazer parte da minha vida daqueles dias em diante. Também apartir daquele momento percebi
que era uma pessoa de cor convivendo no meio de pessoas brancas.

As pessoas podem nos influenciar com suas idéias e com seu modo de vida. Nossos relacionamentos
se modificam por causa disso. Há pessoas que não podem disfarçar a raiva que sentem e revidam da
melhor maneira que sabem a cada um desses ataques. Durante aqueles meus anos de juventude eu
aprendi a suportar calado um fardo bem pesado de exclusão social que fez-me tomar decisões erradas
e que durariam para o resto de minha vida.

Em contrapartida, aquele tipo de exclusão social e de preconceito se tornou um padrão em minha vida e marcou todos os meus relacionamentos apartir de então. Ser alvo de preconceito racial ou social passou
a ser algo "anormal" e corriqueiro em meu dia-à-dia. Esse é o tipo de associação que pode destruir qualquer começo de namoro e o tipo de lembrança que o acompanhará pelo resto de sua vida. Então imagine ter sua imagem associado à preconceito e exclusão social e tentar imaginar algo "bom" de tudo isso.

Essa experiência em si deixou marcas profundas e trouxe a realidade do preconceito e deste mal minha
vida ainda na juventude. Apesar do silêncio e de tentar ignorar esse fato, tal fato a partir daquele momento
jamais me ignorou na vida. Até os dias de hoje.

Apesar de não julgar minha amiga ou minha ex-pretendente o fato é que o relacionamento se modificou.
O silêncio era sempre uma marca presente nestes relacionamentos. Eu ainda acredito que
alguém que julgue as pessoas pela aparência ou que se deixe influenciar por outras pessoas em seu
julgamento perde muito em relação a Deus e a si mesmo como ser humano. E descobri que o silêncio
às vezes faz com que as pessoas tragam sorrisos ao seus rostos, como se estivessem sendo aprovadas
naquilo que fazem.

Embora com inúmeras chances de resolver questões as pessoas
gostam de fingir a si mesmas que nada a tem a dizer, a perdoar ou a esquecer neste
quesito. E o orgulho muitas vezes faz com que decisões sejam tomadas no mais frio
silêncio e nos momentos de maior dor e sofrimento. Em alguns momentos chego a comparar
isso como negar a si mesmo o Espírito Santo. A pessoa conscientemente até está presente,
mas esquece-se de Deus. Racionalmente nega o Espírito Santo. Com suas ações, atesta que
não deseja Deus. E por si mesma fecha uma porta para encontrar Jesus.

Nada podemos fazer quanto a isso pelos outros. Porque existe o livre-arbítrio.
A decisão não pode ser tomada por mim. Não posso tomá-la por outras pessoas.
E isso até mesmo servirá de justificativa um dia para aquela famosa frase
"Eu não sabia" ou "Eu nunca soube disso!".

Geralmente, quando você se importa com alguém, você ama. E o silêncio em alguns
momentos pode refletir o respeito pela pessoa. Costumamos perdoar facilmente aqueles
que amamos, embora o ato cometido seja uma ofensa que causará uma perda no
relacionamento mais grave ou menos grave em algum sentido. Como as pessoas são
diferentes, algumas se magoam para nunca mais perdoar; outras se magoam e logo
esquecem; e há pessoas que se magoam de uma maneira tal que o silêncio é o melhor
remédio para responder à uma ofensa grave que talvez não seja de todo perdoada;


Imagine se Deus deixasse de falar conosco a cada ofensa? A cada negação de Seu conhecimento? Mas o fato é que escolhemos o nosso caminho. E as outras pessoas muitas vezes pagam muito caro por isso.

Apesar de tratá-las com o mesmo respeito, com a mesma polidez, aprendi a reservar uma parte de minha sinceridade e amor pessoal para pessoas mais dignas de intimidade e mais verdadeiras, onde quer que pudesse encontrá-las.

E não há melhor lugar para compartilhar tudo isso do que na presença de Deus.

Muito embora muitos nesse mundo acreditem que possam passar o resto da vida entre seus pecados
e encontrar a Deus após a morte ou no fim da mesma, não deixo de pensar na sorte que teve o ladrão
na cruz ao lado de Jesus. Ele pôde defender o Filho do Homem durante uma ofensa e fazer um pedido.

Paulo também um dia pregou enfermo para uma comunidade.

Mas nem sempre teremos a sorte de encontrar Jesus pronto a perdoar em meio a um sofrimento presente.
Nem sempre encontraremos um Paulo enfermo para nos ensinar as coisas sobre Deus. Acreditamos que
naquele momento as pessoas não terão chance de avaliar quem somos, nossos pecados e darão um testemunho
daquilo em que acreditam realmente.

Acreditar em um Deus sempre bom e pronto a perdoar não tirará de nós as marcas
que causamos em outros com nossas atitudes e ações.

Acredito que é melhor não depender somente da sorte e do amor de Deus
para alcançar o reino dos céus.


Que diferença há nisso da crença das pessoas do mundo??


A paz de Cristo.

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