Fofoca - Quando a comunhão entre irmãos é quebrada

No dia de ontem, nosso grupo de oração sofreu um acréscimo. Alguns rostos novos.

Minha esposa não compareceu. Ficou em casa, emburrada, e com raiva. Nós tivemos outra discussão daquelas de fim de mês. Temos uma conta de R$ 291,00 de energia para pagar.
Ela ficou em casa se recuperando de uma cirurgia durante todo um mês e o ar-condicionado de
nosso quarto passou aquelas semanas sendo ligado todas as tardes.

Eu pedi a ela que resolvesse o problema. Ela resolveu dizer-me que nada conseguira fazer. Não conseguira descontos na conta, não conseguira sequer parcelar a dívida. E disse-me que o sistema da empresa fornecedora de energia só permite parcelamentos de duas contas em atraso.

Tente dizer a uma homem que uma dívida que já está atrasada precisa ficar mais dois meses em atraso para ser parcelada. Eu não gostei nem um pouco. O final da história foi uma troca mútua de acusações, ela emburrada, eu tentando ficar calado. Consegui, mas já era tarde.

Ela disse que não iria ao grupo de casais daquele jeito. Meu filho estava a todo momento pulando de um lado a outro: 'Vamos, pai! Eu quero ir!'

Ele tem seus coleguinhas na igreja. Com os quais só brinca nos fins de semana e durante o grupo de oração. Eu tentei retirar minha esposa daquele estado. Sem sucesso. Por fim disse a ela:

- Acho que Deus gostaria de ver você lá, mesmo com raiva. Já vejo tanta gente à minha volta na igreja com raiva. Mas estão lá. Não deixe que as pessoas digam como você deve ser ou deve agir. Isto é um erro.

Ela não foi. Eu disse que não iria também. Fui devolver uma fita que alugara e cruzei com um casal do nosso grupo de oração indo para a igreja. Acabei indo. Para alegria de meu filho de sete anos. Ao sair de casa, ele disse emburrado:

- Pai, não gosto quando vocês brigam! A mamãe sempre desiste de ir à igreja!
- Eu também não gosto, filho. Mas às vezes não dá pra evitar.

Eu participei da reunião com um espírito aquém do que acontecia a minha volta. Vi uma das irmãs do grupo de casais falar sobre um tema interessante.

Fofoca.

E ela fez várias citações. Eu fui fazendo as marcações na minha Bíblia. Tenho várias tiras de papel que vou colocando à medida que vão sendo citados cada versículo.

Minhas tiras de papel acabaram. A irmã falou por quase meia hora, ou mais. Citou vários textos de Provérbios, Salmos, Tiago, João. Falou sobre o problema, sobre o que a fofoca gera e terminou falando sobre a sua cura e como solucioná-lo.

Eu estava com o espírito totalmente conturbado pela discussão com minha esposa. Estava tentando acalmar-me e acabei fazendo uma oração por ela. O tempo foi passando e a irmã foi fazendo sua pregação. Vi comentários das pessoas novas da igreja, de pessoas antigas.

Por fim, movi-me e abri no livro de Tiago, em uma das citações que a irmã fazia. E comecei a ouvir melhor suas palavras.

Fofoca.

Isto realmente acaba com a comunhão de qualquer grupo. Eu tentei me concentrar no nosso grupo. Na semana passada, ouvira algumas coisas referentes a fofoca. Eu estava tentando
participar da comunhão, mas já estava meio abalado.

Quando estas coisas acontecem em um grupo é uma provação. Quando a pessoa anda realmente fazendo o que não deve, podemos perceber algumas coisas. Eu lembro que preciso orar mais por aquela pessoa, por aquele grupo. Penso que a pessoa está deixando de fazer seus estudos bíblicos como deve, está esquecendo de orar, está gastando mais tempo com coisas do mundo.

Está se afastando de Deus.

E é necessário mais oração. E oferecer mais compreensão àquela alma.

Mas há os que desejam julgar. Há os que desejam afastar do grupo. Há os que a todo momento citam Mateus e o que Jesus mandou fazer quando um irmão peca contra você. Pegue testemunhas, vá argüi-lo entre ti e ele somente. Se ele não te escutar, leve testemunhas e se ainda não te escutar, considera-o como publicano.

Estes se esquecem do que também Jesus disse a Pedro, quando este perguntou sobre quantas vezes deve-se perdoar um irmão. Não sete vezes, Pedro! Mas setenta vezes sete! Jesus se referia a Pedro, exclusivamente. Estava dizendo que se ele media em sete, deveria medir seu perdão por mais setenta vezes do que mediu! E até mais, até.

Eu respirei fundo e tentei participar do meu grupo. Tinha que me concentrar naquilo. Eu estava na igreja. Deus nos diz como devemos nos portar em toda e qualquer situação. Dentro e fora da igreja. Testemunho é muito mais que palavras, é muito mais que atitudes. É saber estar com Deus em todos os momentos. Até nos difíceis.

E Deus mostrou-me o mesmo livro de Tiago. Começou a falar comigo em pensamentos. Como sempre acontece nestas horas em que procuro entregar-me em suas mãos. Eu li o texto. Depois o compartilhei com os irmãos no final. E citei que a intimidade de todo e qualquer grupo é sempre abalada quando a fofoca se instala. Porque ela gera desarmonia, porque ela quebra a intimidade e os relacionamentos. Que acima de tudo é importante orar e interceder uns pelos outros, para que o vínculo da união continue a existir e a promover a graça e a misericórdia de Cristo.

A irmã ouviu-me e voltou a fazer comentários. Alguns gostam sempre de dar a última palavra. Antes, outro irmão havia comentado.

Meu grupo é realmente grande. Há nele pessoas de muitas classes. Em casa, orei para que nós pudéssemos deixar Deus decidir os assuntos em sua igreja. Para que não fosse o nosso muito saber, nossa vontade de querer dizer a todos que sabemos, que conhecemos muito da Palavra porque a estudamos à fundo, mas a graça e a misericórdia de Deus a nos orientar, a permitir que outros nos orientem, a mostrar a direção e a resolver os problemas de nossas vidas.

O texto de Tiago??

Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois
de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o
amam.
Ninguém ao ser tentado, diga: Sou tentando por Deus; porque Deus não pode ser tenta-
do pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta.
Ao contrário, cada um é tentando pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz.
Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez con-
sumado, gera a morte. Tiago 1:12-15

Temos pessoas que vem à igreja todos os fins de semana muitas vezes coberto de
pecados. E servem até em Ministérios. Você pode ver semblantes irados, semblantes
desejando o mal, semblantes carregados de amargura, de ódios, de sentimentos do mundo.
Você deve orar não para que Deus as afaste, mas para que Deus use de sua graça e mise-
ricórdia em suas vidas. Se a pessoa cessa suas orações, cessa suas intercessões, não busca
a comunhão de um grupo de oração, de um grupo de casais, de estar em um grupo com ora-
ção na igreja, ela sempre terá muitas marcas. Sempre trará muitos problemas para a inti-
midade do grupo. Amá-la é realmente importante. Negar esse amor é deixar de oferecer
a graça e misericórdia que Deus teve por nossas vidas ao resgatá-las do mundo.

E se faço isto, sou realmente a pessoa mais miserável do mundo. Porque Cristo me ofereceu
seu perdão. E eu o nego aos outros.

Que possamos realmente suportar com amor uns aos outros. Sem falsidade. E sem fofocas.


By
Manoel Leonardo