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segunda-feira, janeiro 23, 2006

O MOMENTO PRESENTE DA IGREJA

E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.
E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais

se faziam pelos apóstolos. Atos 2:42-43


(...)


"Mas a Igreja está bem definida”, poderá dizer alguém. “Basta olhar para uma e saber o que é”.

Mas muito do que se ouve como evangelho, hoje, não tem o menor sentido para o homem que pensa e não está muito distante da irrealidade. Vemos hoje dois blocos bem diferenciados na igreja evangélica do Brasil.

Um, o bloco chamado pejorativamente de tradicional, enfatiza o conhecimento. Outro, o bloco que parece mais poderoso espiritualmente falando, privilegia o misticismo. A simplificação é grosseira, mas é difícil encontrar equilíbrio nestes segmentos. Alguns identificam o evangelho com matéria de conhecimento intelectual.

O bom membro de igreja é aquele que conhece as doutrinas, é aluno da escola dominical, é versado em apologética, lê livros evangélicos, faz cursinhos e participa de encontros e congressos.

Do outro lado, pegando carona no misticismo que assola o mundo após décadas de secularismo, cientificismo e materialismo, estão os que enfatizam o sobrenatural, o experiencialismo, feitos portentosos, sinais espetaculares como evidência da presença de Deus.

São os carnais e os espirituais, ou os lúcidos e os fanáticos, dependendo da ótica de cada um. Temos problemas sérios com isto. De um lado podemos ter a transformação do evangelho num racionalismo cristão. De outro, esta tendência de ver um demônio atrás de cada poste. E o que pior: parece que vozes se levantam de um e de outro segmento e tecem loas ao seu grupo e denigrem o outro. Cada um é o portador da verdade.

A generalização pode prejudicar o pensamento, mas vemos o seguinte: um lado criou toda uma estrutura de ensino, com institutos, congressos, conferências, seminários, encontros e escolas teológicas. Mas continua com deficiências bem sérias em seu meio. Outro lado enfatiza um sobrenaturalismo que irrita os pensantes. Mas têm deficiências bem sérias, também.

Um casal de uma igreja carismática me procurou, pedindo que exorcizasse o demônio da incompreensão conjugal que pairava sobre eles. Enfrentavam dificuldades no seu casamento. Perguntei-lhe: “vocês já se sentaram para conversar sobre porque seu casamento vai mal?”. Disseram que não. Disse-lhe: “parem de por a culpa no demônio e pensem se vocês não são os culpados”. Ficaram zangados: como podiam ter culpa, se eram crentes? O culpado era o demônio. E também o incrédulo do pastor tradicional que não via isto. Vai alguém à igreja, fura o pneu do carro: foi obra do demônio. Vemos, então, a situações que não resistem ao bom senso. “Igreja Universal, onde o milagre é uma coisa natural”. A frase é tão desconexa como água seca e fumaça concreta. Se o milagre é natural não é milagre.

Temos programas de rádio e televisão, emissoras e redes inteiras. Políticos evangélicos. Fazemos promoção para vender o evangelho como se fosse panetone, seguindo as normas de publicidade. Mas as estruturas do mal permanecem intocadas. A corrupção parece mais forte do que nunca. Pesquisa vinda à luz há poucos meses atrás mostrou que o Brasil é o 14º país mais corrupto do mundo. A troca de favores é a moeda corrente na política brasileira. E justificada com um cinismo revoltante. A violência e a imoralidade batem recordes de ousadia. Onde está a Igreja? Que faz ela?

O pensamento humano é como um pêndulo. Oscila de um ponto a outro. Saímos de décadas de secularismo e entramos num tempo de espiritualidade. Talvez este dure ainda uns vinte anos, salvo algum grande evento que tudo transtorne. Quando o pêndulo voltar e ingressarmos numa fase de materialismo e de rejeição do espiritual, a Igreja de hoje sobreviverá? Temos uma Igreja ou somos um grupo religioso e cultural com roupagem cristã? Está se pregando o evangelho? O que se prega têm consistência?

Numa madrugada, acordado em um hotel em S. Paulo, ouvi o bispo Edir Macedo dialogar com um dos pastores do seu grupo. Analisei o conteúdo da conversa. Disse para mim mesmo: “isto não é Jesus Cristo, isto é Lair Ribeiro!. É auto-ajuda, variação de Norman Vicent Peale”. O que se dizia era: “há poder em você, você pode ser vitorioso, pode ser rico, basta que você queira, porque Deus já liberou a riqueza para você. Você só precisa de você”.

Tirando-se os termos religiosos, eis Lair Ribeiro.

Há uma diferença enorme entre o que foi pregado pela igreja primitiva, no livro de Atos, e o que se vê, hoje, na maioria dos círculos evangélicos. Pode-se ouvir durante semanas a fio os pregadores tele-evangélicos sem se ouvir uma palavra-chave no evangelho: arrependimento.

Pregação cristã que não exorte à mudança de vida e ao abandono do pecado traz algo errado em si. Muito do que temos como pregação não é pregação e muito do que temos como igreja não é igreja. O conceito de riquezas materiais como valor maior infiltrou-se na Igreja. Da mesma forma, o misticismo de um mundo sem o evangelho.
Temos, então, espiritualidade sem Bíblia. Temos espiritualidade sem teologia correta.

Temos igrejas com um evangelho falsificado, mesmo que sem querer. Temos um pensamento secular ensinado como pensamento divino. Isto descaracteriza a Igreja.

UMA DEFINIÇÃO DE IGREJA

Vamos definir o que entendo por Igreja. É um grupo de pessoas que experimentou a graça de Deus na pessoa de Jesus Cristo, creu nele, e se comprometeu com ele na transformação deste mundo. São pessoas que conheceram Jesus Cristo, tiveram uma experiência de salvação com ele e assumiram um compromisso. Uma comunidade de salvos engajados. Não de oportunistas ou de gente imatura que quer sempre benefícios, mas nunca quer se dar.

Quando falo de Igreja é isto que tenho em mente. Uma comunidade de regenerados e com consciência de missão a cumprir neste mundo. Uma comunidade que rejeita ser massificada, que entende que “o mundo jaz no maligno” e que procura ter “a mente de Cristo”.

Isto é Igreja: conhecer o propósito de Deus e não cumprir o propósito do mundo.

(...)


EJesus (
www.ejesus.com.br)
*Estudo preparado pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho para a Mocidade da Igreja Batista do Cambuí, 22.4.00

Leia o texto completo no site da Igreja Batista Lagoinha
http://www.lagoinha.com/monta/monta.asp?pagina=http://www.lagoinha.com/igreja/materias.asp?codMateria=1800

A paz de Cristo.

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