O que há de interessante neste dia

terça-feira, agosto 03, 2004

Momento de instrospecção profunda...

08:42h.

No quarto, antes de sair de casa. De joelhos, no chão do quarto, terminando a oração.

- ...e te peço, Senhor, guarde a minha boca. Que eu não fale tantas besteiras, e te dê um bom testemunho nesta hora tão difícil para mim. Senhor, sei que esta situação parece cômica, mas por favor, proteja-me de mim mesmo e guarde minha esposa. Em nome de Jesus, amém.

Saio do quarto. Nós saímos minutos depois. Caminhamos no máximo uns dez minutos. Pego o carrinho. Posto-me ao seu lado.

- Precisa pegar papel higiênico.
- Certo.
- Vamos passar primeiro lá atrás. Quero pegar o café primeiro.

Entramos pelo lado esquerdo. Eu do lado.

O tempo vai passado. A coisa parece corriqueira. Mas não sei porque homens tem que participar destas coisas. Para mim não é nada agradável. Vocês vão descobrir porque logo, logo...

O carrinho vai enchendo. Pegamos a carne, compramos as coisas para o nosso filho de sete
anos (bolachas, sucos, tec.). Esta quase tudo lá. Eu guardo minha boca de dizer qualquer coisa.

- Pega queijo. Quero 300 gramas. E mortadela.
- Certo.

Mais de meia hora já se passou. Quase uma, talvez. O carro está cheio. Eu não quero falar, mas tenho...
- Amor...
- Deixa eu ver... Falta mais o quê?
- Amor...
- Oi!
Ela me encara. Vejo os olhos verdes, quase sorrindo.
- Já chega... Vamos?

Ela parece parar para pensar um pouco. Parece sair de um mundo só dela. Escuta
a minha voz e faz um bico.
- Ainda pode estar faltando algo. Vamos dar mais uma volta.

Eu tento ficar calado. Depois de mais dez minutos insistindo, rumamos o carro para o caixa.

- Passa primeiro os frios. Primeiro os frios!
- Certo.
- Agora os vegetais. Passa os vegetais. Devagar!! Mas não sabe fazer nada direito... Não vai amassar minhas verduras!!

A Caixa vai registrando. Eu tento não olhar o visor. Suspiro.
R$ 58,76.

- Vai dar menos de R$ 110,00.
Ela diz convincente. E sorri. Ela sai para conversar com uma colega do supermecado.

A caixa vai passando as compras.
R$ 107,56.

O orçamento de casa é curto. Eu tento não me preocupar com estas coisas. Ela nunca faz uma lista. Eu já não discuto mais sobre isto. Eu já fiz várias listas, mas sempre acabava em discussão. Cheguei a fazer as compras durante uns seis meses sozinho, mas durante aquele período o número de brigas e discussões em casa cresceu assutadoramente. Por fim, conclui que ir ao supermercado para minha esposa era como terapia. Eu resolvi parar também com aquilo.

Só pedia a Deus para não dizer nada.
R$ 126,75.
Já estava vermelho. Ela estava à minha frente. Olhava para o monitor. Me encarava.
Sorria.

Eu, em voz zombeteira:
- R$ 110,00 você disse??

Ela se vira e vai para algum lugar.
R$ 147,56.

E ainda faltavam uns dez itens.

Eu encarei o monitor. Suspirei. Foi-se meu planejamento de fim de mês. Lá se vai novamente a minha planilha de contas ser alterada. Lá se vai as coisas que tinha planejado pagar no próximo fim de mês. E ainda há os pães semanais. Homens sofrem com isto. Nós gostamos de planejar, gostamos de ter as coisas organizadas. Minha esposa gosta de agir assim, às vezes. É de levar qualquer homem à loucura. Eu fico imaginando se meu filho poderá ser tão aborrecente quanto
minha esposa, que tem 30 anos, a mesma idade que tenho. Ela se comporta como uma adoles-
cente, até como uma jovem. Suspiro mais uma vez.

Mas eu preciso não brigar. Preciso suspirar. Preciso dar um bom testemunho. Preciso me controlar e não chamar a mim mesmo de irresponsável por fazer uma besteria abrindo a boca.

Lembrava um irmão na igreja me dizendo: 'Você precisa morrer pela sua esposa'.

- Misericórdia...

Suspirei.
Os dez últimos itens se foram. A conta final estava estampada no monitor.

R$ 176,56.

Ela volta, sorrindo. Encara-me. Eu digo:
- Sem rancho no meio do mês. Chega.

Ela fica emburrada. Se vira. Se volta, e resmunga:
- Da próxima vez eu venho sozinha.

Mulheres.

Mulheres são diferentes dos homens. A minha gosta de consumir. Dá prazer a ela entrar
em um supermecado e fazer compras.
Ela se operou recentemente. Antes de subir na mesa de operação, no mês passado,
eu procurei fazer de tudo para deixá-la à vontade.

Levei-a a um supemercado. Dívida de R$ 185,00 no final de Julho.

Nós somos diferentes delas. Eu preciso aprender a me controlar quando o assunto é gastar dinheiro irresponsavelmente e ter alegria em fazer um supermercado sem se preocupar com
o bolso ou com o amanhã para viver bem com minha esposa.


As mulheres gostam de coisas estranhas. Já tive dias de entrar em supermecado
resmungando sem parar até sair. As coisas mudaram muito em dez anos de casados.

Fale a verdade. Tem coisas que assustam homens e são tão simples. Me assusta entrar em supermercado com minha esposa. Irmãos, às vezes é melhor deixar que elas façam realmente algumas coisas. E sozinhas.

No cuidado com nosso lado espiritual, nós tentamos evitar situações desagradáveis. Eu sempre
tentei evitar lidar com dinheiro. Porque acho que isto tira minha paz espiritual e, como homem,
acabo preocupando-me além da conta com o que se deve. E por isto, por muitos anos, deixei
minha esposa à cargo destes assuntos.

Mas nos últimos anos achei que devia participar mais com ela. E fazer isto pode ser difícil,
mas muito difícil para mim. Eu acho que escolhi bem minha àrea de trabalho. Acho que não
daria muito certo no ramo financeiro porque preocupo-me por demais com coisas banais
em casa. E participar de uma simples compra em supermercado pode ser a coisa mais difícil
do mundo para algumas pessoas.

Deve ser por issso que raramente vejo muitos homens ao lado de suas esposas neste lugares.

Ou vai ver que isto é somente eu, achando que devia estar em casa.

Graças a Deus por não abrir tanto a boca nesta última vez!!!

Amém.

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